Curso de formação de professores em pedagogia UFBA/IRECÊ
Atividade - Produção Livre
Gênero - Cordel
Cursista - Gervásio Mendes Mozine
FRAGMENTO FUTURO DE UMA MEMÓRIA PRESENTE
Retrata uma situação de um banheiro
que fica no fundo do auditório
que só fica aberto quando estão limpando,
quando algum aluno precisa tem
que ir atrás da chave arriscando encontrar
muitas vezes não dá tempo e termina fazendo
as necessidades em outro local.
fica um banheiro prisioneiro seguido dos xixis!
Banheiros da UFBA/Irecê
Nada mais pode me intrigar
Do que ficar sem entender
Da sentença que está
Sendo cumprida por você
Privaram-te de receber
O líquido belo e precioso
Ele é tão fabuloso
Que te ajuda a viver
Em tua boca enorme
Era esguichado um bocado
E quem te oferecia
Ficava um tanto aliviado
A bexiga já quase sem força
Gotejava pingo a pingo
Enquanto o dono seu moço
Segurava-a pelo pescoço
Sentindo tanta emoção
Pela grande libertação
Daquele líquido fabuloso
Deixando-o menos furioso
Balançava uma,
Duas e até três
Tanta era a sensação
Que balançava mais uma vez
Depois era pegar com jeito
Guardá-la no lado direito
Com dois dedos subir o zíper
E ajeitá-la depois de feito
Olhando o amarelinho
Na boca daquele vaso
Parecia até remédio
Que lhe fora indicado
Agora puxando a cordinha
Para o alimento ser degustado
E na garganta estreita
Desça como quiabo
Parece até gargarejar
Quando o líquido a embalar
Vai descendo e dançando
Até ao seu destino chegar
Agora falo assim
Que graça tem um banheiro
Que não pode ficar com o cheiro
Que foi feito para si
Vive sempre perfumado
Desinfetante, não falta
Mas a sua serventia
Não tem acontecido na prática
O que foi feito para servir
Agora serve para deixar
Os cursistas da ufba
De bexiga a inchar
Quando de uma situação
Que não dá mais pra segurar
Corre em sua direção
E logo vem a decepção
Seguido de um palavrão
Devido a situação do recinto
Pois se encontra fechado
Não aliviando o que sinto
Ninguém sabe informar
Aonde a chave encontrar
E então o desespero
Começa a se formar
Vai logo pensando
Na água quentinha descendo
E entre as pernas escorrendo
O líquido amarelo efervescendo
Caso a chave não encontre
Para libertar o banheiro
E por uns instantes de ouro
Descarregar o besouro
Não libertando os prisioneiros
Não vai dar tempo esperar
E por isso é preciso
Numa parede encostar
Correndo para o oitao mais perto
Ficando mais do que ereto
Para a bexiga esvaziar
Então a alma aliviar
O movimento é ligeiro
Abaixa o zíper com força
Num movimento instatâneo
Agarra o corpo da moça
Colocando para jorrar
O dono vem sorrir
O fuuuuuuu! É imediato
Como o pulo do gato
Num mundo contemporâneo
Que alto fala a educação
Assim não pode mudar
O então hoje cidadão
Como pode um banheiro
Numa universidade de respeito
Viver assim trancafiado
Não podendo ser alimentado
Pode haver mobilização
para uma placa fazer
E uma homenagem descente
Ao banheiro acontecer
E possível até pensar
A qual placa deve ser
E não precisa reclamar
Que é só para esclarecer
Jaz aqui um banheiro
Parece um pouco desordeiro
Uma vez que ele vive
É só usar para o falecido levantar
Proibido usar
Não pode bom ficar
Porque nas vezes que usaram
Ele nunca veio a reclamar
Fica aqui a comoção
De um cursista em educação
Por não permitirem soltar
Quem preso não pode ficar
Um é minha bexiga
O outro é o banheiro
Impedidos de se encontrarem
Pois são dois os prisioneiros
Não quero exibição
Nem tão pouco televisão
Mas se preciso for
O doutor dará razão
Segue aqui um conselho
Não segure de jeito nenhum não
Por que o que poderá ganhar
É uma baita infecção
Não tenho medo da morte Banda larga vem apontar
Gilberto Gil também fala
Da necessidade de descarregar
Trago aqui um moço bom
Para poder me referenciar
Ele diz em sua música
Da vontade de mijar
Deixou bem claro assim
Morrer ainda é aqui
Não tenho medo de ir
Mas sim depois sofrer
Olha aqui doutor
Um defunto a deitar
E o medo depois de morto
De não poder mijar
Por isso que nesse momento
Levanto do meu acento
Deixo de digitar
Para ir ao meu banheiro urinar
Gervásio Mendes Mozine
Maio de 2009