sábado, 6 de junho de 2009

Produção Livre - Cordel Banheiros da Ufba/Irecê

Curso de formação de professores em pedagogia UFBA/IRECÊ
Atividade - Produção Livre
Gênero - Cordel
Cursista - Gervásio Mendes Mozine

FRAGMENTO FUTURO DE UMA MEMÓRIA PRESENTE

Retrata uma situação de um banheiro
que fica no fundo do auditório
que só fica aberto quando estão limpando,
quando algum aluno precisa tem
que ir atrás da chave arriscando encontrar
muitas vezes não dá tempo e termina fazendo
as necessidades em outro local.
fica um banheiro prisioneiro seguido dos xixis!


Banheiros da UFBA/Irecê

Nada mais pode me intrigar
Do que ficar sem entender
Da sentença que está
Sendo cumprida por você

Privaram-te de receber
O líquido belo e precioso
Ele é tão fabuloso
Que te ajuda a viver

Em tua boca enorme
Era esguichado um bocado
E quem te oferecia
Ficava um tanto aliviado

A bexiga já quase sem força
Gotejava pingo a pingo
Enquanto o dono seu moço
Segurava-a pelo pescoço

Sentindo tanta emoção
Pela grande libertação
Daquele líquido fabuloso
Deixando-o menos furioso

Balançava uma,
Duas e até três
Tanta era a sensação
Que balançava mais uma vez

Depois era pegar com jeito
Guardá-la no lado direito
Com dois dedos subir o zíper
E ajeitá-la depois de feito

Olhando o amarelinho
Na boca daquele vaso
Parecia até remédio
Que lhe fora indicado

Agora puxando a cordinha
Para o alimento ser degustado
E na garganta estreita
Desça como quiabo

Parece até gargarejar
Quando o líquido a embalar
Vai descendo e dançando
Até ao seu destino chegar

Agora falo assim
Que graça tem um banheiro
Que não pode ficar com o cheiro
Que foi feito para si

Vive sempre perfumado
Desinfetante, não falta
Mas a sua serventia
Não tem acontecido na prática

O que foi feito para servir
Agora serve para deixar
Os cursistas da ufba
De bexiga a inchar

Quando de uma situação
Que não dá mais pra segurar
Corre em sua direção
E logo vem a decepção

Seguido de um palavrão
Devido a situação do recinto
Pois se encontra fechado
Não aliviando o que sinto

Ninguém sabe informar
Aonde a chave encontrar
E então o desespero
Começa a se formar

Vai logo pensando
Na água quentinha descendo
E entre as pernas escorrendo
O líquido amarelo efervescendo


Caso a chave não encontre
Para libertar o banheiro
E por uns instantes de ouro
Descarregar o besouro

Não libertando os prisioneiros
Não vai dar tempo esperar
E por isso é preciso
Numa parede encostar

Correndo para o oitao mais perto
Ficando mais do que ereto
Para a bexiga esvaziar
Então a alma aliviar

O movimento é ligeiro
Abaixa o zíper com força
Num movimento instatâneo
Agarra o corpo da moça

Colocando para jorrar
O dono vem sorrir
O fuuuuuuu! É imediato
Como o pulo do gato

Num mundo contemporâneo
Que alto fala a educação
Assim não pode mudar
O então hoje cidadão

Como pode um banheiro
Numa universidade de respeito
Viver assim trancafiado
Não podendo ser alimentado

Pode haver mobilização
para uma placa fazer
E uma homenagem descente
Ao banheiro acontecer

E possível até pensar
A qual placa deve ser
E não precisa reclamar
Que é só para esclarecer

Jaz aqui um banheiro
Parece um pouco desordeiro
Uma vez que ele vive
É só usar para o falecido levantar

Proibido usar
Não pode bom ficar
Porque nas vezes que usaram
Ele nunca veio a reclamar

Fica aqui a comoção
De um cursista em educação
Por não permitirem soltar
Quem preso não pode ficar


Um é minha bexiga
O outro é o banheiro
Impedidos de se encontrarem
Pois são dois os prisioneiros

Não quero exibição
Nem tão pouco televisão
Mas se preciso for
O doutor dará razão

Segue aqui um conselho
Não segure de jeito nenhum não
Por que o que poderá ganhar
É uma baita infecção

Não tenho medo da morte
Banda larga vem apontar
Gilberto Gil também fala
Da necessidade de descarregar

Trago aqui um moço bom
Para poder me referenciar
Ele diz em sua música
Da vontade de mijar

Deixou bem claro assim
Morrer ainda é aqui
Não tenho medo de ir
Mas sim depois sofrer

Olha aqui doutor
Um defunto a deitar
E o medo depois de morto
De não poder mijar

Por isso que nesse momento
Levanto do meu acento
Deixo de digitar
Para ir ao meu banheiro urinar


Gervásio Mendes Mozine
Maio de 2009

7 comentários:

Rita Cácia Fernandes disse...

kkkkkkkkk
É isso colega!
A levesa da poesia não retira a aflição do problema... Que abram as portas. Já nos bastas os problemas inevitavéis... Afinal, não precisamos acrescentar doenças infeccionais.
Parabéns pela iniciativa e pela criatividade!
Xero,
Rita Cácia

Sule disse...

Muiiitoo legal!!! Parbéns pela criatividade...

bjinhos
Sule

Fernanda disse...

Olá gervásio,

Muito bom seu blog. Continue postando coisas legais! É até inspirador rsrs veja:

Caro amigo Gervásio
Venho te parabenizar
Por esse belo cordel
Que não é fácil de criar

Quando vim para a UFBA
Com um convite pra trabalhar
Também não entendi
Porque o banheiro trancar

O tempo se passou
E então pude perceber
Que a chave fica com Gil
Para nossa segurança acontecer

Por se tratar de um ambiente
Onde circula muita gente
É bom tomar cuidado
Deixando o banheiro trancado

Deixo aqui o meu recado
Não espere ficar apertado
Quando a vontade chegar
Pegue a chave e vá aliviar

Quero aqui destacar
Tua maneira de questionar
De uma forma tão criativa
Que é de se admirar

A academia é isso mesmo
Espaço para discussões
Com o intuito de buscarmos
As melhores soluções



Abraços!
Fernanda Marques- Apoio pedagógico

Rita Rezende disse...

Hilário, no entanto real , vivemos este sufoco dia após dia.
valeu!

Mari disse...

Adorei Gervásio!
Se esta moda pega, ai, ai...
Todos os protestos ficariam divertidos e talvez resolvidos.
Fernanda também foi feliz em sua colocação, mas como disse você, e se não der tempo de procurar as chaves?
Não gosto nem de pensar no constrangimento!
Parabéns e obrigado pela iniciativa de procurar resolver este dilema.

Géu disse...

Valeu mozine! Pelo desabafo, realmente tem hora que não dá tempo... Esperar mesmo!!!!

euma disse...

Vc não presta ficou massa kkkkkkkkkkkkkkk