segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Critica: Cinema, Aspirinas e Urubus

Saíndo de uma guerra e entrando em outra

A vida dos sertanejos residentes nos sertões de Pernambuco e Paraíba é vista através das telas do cinema como algo que entristece, pela carência de alimentos, pela fome, pela falta de instrução e a falta de chuvas. Também é vista como algo que agrada na pessoa resistente, otimista, simples, trabalhadora, corajosa e religiosa que é a do sertanejo.
Longe de ser uma comédia, como muitos filmes retratam os sertanejos, Cinema, Aspirina e Urubus enfoca as pessoas que vivem no semi-árido nordestino como verdadeiros heróis por conseguirem viver numa miséria quase absoluta sem nenhuma perspectiva de vida digna do ser humano. O filme que traz um autêntico alemão – Peter Ketnath - no papel principal com o nome de Johann que foge do seu país, Alemanha, para não matar Judeus como obriga a guerra posta por Alemanha, Itália e Japão os chamados países do eixo. Johann chega ao Brasil no seu caminhão baú chevrolet com um projetor de imagens que usará para fazer propaganda das milagrosas aspirinas ao povo dos sertões de Pernambuco e Paraíba. O longa metragem tem a direção do próprio produtor, Marcelo Gomes, que inspirado em seu avô que vendia pílulas de remédios deu razão para enredar seu filme. O road-movie, filme de estrada, mostra um cenário original com suas cores cinzentas e seu povo enrugado pelo maltrato do sol escaldante. Substituindo o dialogo dos personagens aparece a lente das câmaras e as músicas de época tocadas no radio do caminhão.
Na viagem pelo sertão Johann encontra um sertanejo por nome de Ranulpho que coloca para o recém conhecido colega o desejo de ter uma vida mais digna e menos sofrida e em busca disso segue com Johann após concordar de ajudá-lo na empreitada de vender aspirinas.
Em 22 de agosto de 1942 o Brasil junta aos países aliados e declara guerra aos nazistas. É a partir daí que Johann escuta pelo rádio de seu caminhão que não mais poderá comercializar suas aspirinas dentro do país Brasil. Ele fica entre duas alternativas, voltar para Alemanha e enfrentar a guerra sangrenta ou dar um jeitinho e ir para a guerra de exploração de mão de obra no ciclo da borracha na Amazônia.
O filme é recomendadíssimo aos educadores principalmente para trabalhar o contexto da segunda guerra mundial que envolve a Alemanha nazista, a Itália fascista e o Japão militarista, chamados países do eixo que declaram guerra ao mundo.
Gervásio Mendes Mozine
25/09/2009

Nenhum comentário: